Alimentos Industrializados: Encontre o Equilíbrio para uma Lancheira Saudável

Montar a lancheira das crianças pode ser um desafio para os pais. Ao visitar o mercado, temos a missão de escolher os alimentos adequados. No entanto, se você apenas oferecer opções saudáveis sem uma introdução gradual, a lancheira retornará intocada. É comum haver discussões sobre o que a criança deseja comer, o que os colegas comem e o medo de ser diferente.

Evitando os alimentos industrializados

É importante encontrar um equilíbrio nessa situação. Entendo que as preferências das crianças podem variar e nem todos gostam de cenoura ou tomate cereja logo pela manhã. No entanto, isso não significa que precisamos recorrer a lanches industrializados, como snacks, bolinhos recheados, salgadinhos, doces, balas, chocolates e bombons. Nada contra a indústria alimentícia, pois ela desempenha um papel importante em nossa sociedade. O problema reside na frequência do consumo de alimentos industrializados.

No passado

Lembro-me de quando eu era criança, há algum tempo, minha mãe costumava frequentar a feira com mais regularidade do que o supermercado. Tudo era preparado em casa, sempre fresco. Ela cortava legumes, lavava saladas, assava carnes, utilizando temperos naturais que realçavam o sabor dos alimentos. Recordo-me de levar para a escola uma garrafinha de café com leite e um pão com ovo embrulhado em um guardanapo. Naquela época, não existiam salgadinhos ou bolinhos recheados como opções. Alguns podem dizer que sou nostálgico, mas isso não é verdade. Na minha infância, havia uma pequena venda em frente à escola, administrada por uma senhora que fazia sonhos de padaria incríveis! Apenas quem já experimentou consegue descrever a sensação maravilhosa. Infelizmente, eu não tinha dinheiro para comprar lanches na escola, então, como a maioria dos meus colegas, trazia minha própria comida de casa. Consumir doces era reservado para ocasiões especiais, como festas de aniversário, Dia das Crianças ou Natal.

Ultraprocessados, o pior tipo de comida

Atualmente, com a falta de tempo para comprar e preparar alimentos (pois parece que ninguém tem tempo suficiente), as refeições prontas e o dinheiro para lanches têm levado as crianças a conhecerem precocemente os alimentos ultraprocessados. Macarrão instantâneo e frango empanado se tornaram refeições principais, enquanto salgadinhos, biscoitos e bolinhos, acompanhados por refrigerantes em lata ou sucos de caixinha, passaram a compor as lancheiras das crianças.

Os resultados não demoram a aparecer. O excesso de peso, a obesidade, o diabetes tipo II, as dislipidemias e, surpreendentemente, até a hipertensão estão se manifestando em crianças com menos de 10 anos de idade, de acordo com um estudo publicado em 2020 (Can the Consumption of Ultra-Processed Food Be Associated with Anthropometric Indicators of Obesity and Blood Pressure in Children 7 to 10 Years Old? Foods. 2020 Nov; 9(11): 1567). Não podemos simplesmente ignorar essa realidade.

Então, como posso lidar com a alimentação das crianças?

Então, o que podemos fazer? Aqui vai uma dica: as crianças não podem comprar alimentos se não receberem dinheiro. Em vez de dar dinheiro, envie a lancheira com alimentos saudáveis! Se acredita que a criança não vai comer, experimente oferecer esses alimentos em casa e coma junto com ela. Faça uma experiência: pegue uma banana, descasque e coloque-a em um pote. Adicione aveia, amasse com um garfo e coma. Em seguida, pegue uma fatia de pão, passe um pouco de requeijão, manteiga ou pasta de amendoim e coma também. Por fim, beba água. Foi difícil? Agora é só substituir a fruta, a aveia (que pode ser trocada por granola ou castanhas) e o pão pode ser substituído por torradas, bisnaguinhas ou até mesmo um pedaço de torta caseira. Assim como em qualquer aspecto da vida, é preciso treinar! Não será perfeito na primeira vez, mas é importante persistir. Caso contrário, ficaremos com a culpa de não termos feito mais pela saúde de nossos filhos.