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O Problema com o Petit Gâteau

  • Foto do escritor: Victor Tarini
    Victor Tarini
  • 7 de nov. de 2022
  • 3 min de leitura

“..., Mas se for para ir ao restaurante e não finalizar a noite com o meu Petit Gâteau, então nem vou!” E foi assim que começou a conversa na hora de “negociarmos os termos da rendição” do meu paciente à nova dieta. E eu estava indo tão bem, já tinha equilibrado os macronutrientes, dividido tudo direitinho, parecia uma “obra-prima”, até que: “Doutor, eu não to vendo sobremesa aqui...” então eu disse: “É porque não tem sobremesa. Deixe-me explicar, se não limitarmos a frequência que você come algum tipo de doce, vai ser muito complicado conseguir emagrecer. A liberdade de comer o que quiser, quando quiser tem suas consequências. É preciso reduzir a frequência dos doces após as refeições. A palavra de ordem é “autocontrole”. Parece fácil, mas não é. Convencer alguém de fazer qualquer coisa vai muito além daquilo que se aprende na faculdade. Primeiramente você tem que acreditar de verdade no que vai dizer. Tem que sair de dentro, sabe? Até porque, se nem você acredita, como acha que vai convencer alguém? Já experimentou ficar sem comer algo de que você goste? Então. Tenho em mente que precisamos dar o exemplo.


Petit Gâteau

Sempre conto um pouco sobre as coisas das quais abri mão em busca da minha saúde. Quando eu digo que não como doces há mais de 7 anos causo surpresa nas pessoas. “Sério? Nem um docinho? Então digo: “para ter uma ideia, no meu aniversário eu sopro as velinhas, parto o bolo, entrego o 1º pedaço e fim. Não como sequer um pedacinho do meu próprio bolo”. A pergunta que vem a seguir é a seguinte: “o que te levou a ser tão radical?” A resposta é “Mindset” me condicionei a olhar para as coisas doces e lembrar que são “açúcares” e açúcar faz mal. Desde que pus em prática, tive muito mais facilidade de controlar o meu peso. Vou confessar, às vezes não é fácil! Tenho um boa memória do paladar dos meus doces prediletos então, procuro me manter distante deles. Sabe como é, não convém facilitar. Assim como temos a impressão de que o médico não tem problemas de saúde, é comum que se pense que nutricionista não engorda. Ledo engano. Pare de treinar para ver!


Outro ponto importante que sempre levo em consideração é a individualidade. Todos somos indivíduos, portanto únicos naquilo que somos, sentimos e vivemos. Aquilo que não te faz a mínima falta pode ser essencial para a felicidade do outro e por aí vai. Temos que ser complacentes com a dificuldade das pessoas e dar apoio ao longo do processo de mudança alimentar e de estilo de vida. Levou um bom tempo para me programar a não comer doces. Falo sempre, “é um exercício diário”, ainda que você coma o doce, você deve olhar para ele e mentalmente dizer: “Eu posso viver sem esse açúcar”.


O pedido mais comum que recebo no consultório é que tenha um “chocolatinho 70% cacau” no almoço ou no jantar. Os pacientes dizem assim: “sabe doutor, sempre que termino o almoço sinto a falta de um docinho...” É lógico que eu sempre atendo, mas alerto sobre os riscos do descontrole. Procuro sempre dizer ao paciente o seguinte: “Você pode comer o que quiser, quando quiser, com consciência”. Comer um docinho todo dia, após as refeições principais é um hábito ruim. Conheço pessoas que almoçam menos somente para comer um doce depois.


Voltando ao Petit Gateau, disse então ao meu paciente: “Você faz ideia de quantas quilocalorias pode ter essa sobremesa? Mais de 400! É praticamente a mesma quantidade de calorias que o almoço todo. Está bem, sei que parece crueldade. Afinal de contas estamos falando de um clássico das sobremesas. Então propus a ele o seguinte, “E se você dividir a sobremesa com alguém? Já não seria tão ruim, certo? Para ficar perfeito é só programar uma caminhada de 1 hora no dia seguinte e segue o jogo”.


A vida é feita de escolhas e a medida que envelhecemos as escolhas parecem ficar mais difíceis de fazer. A capacidade de fazer escolhas difíceis é o que podemos definir como “maturidade”. Gardner, ao descrever as inteligências múltiplas menciona a intrapessoal, o conhecer a si mesmo, seus sentimentos, desejos e personalidade. O autoconhecimento é o primeiro passo a ser dado quando se busca uma mudança. Quando dizemos: “Ah, eu não vivo sem isso ou aquilo...” estamos expondo a criança birrenta que habita em nós mesmos. O que precisamos é de disciplina.

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