E a conversa começou assim: “Lá em casa todo mundo é muito parecido doutor, gordinhos que nem eu...” Não é preconceito, somente uma constatação. É que geralmente quem tem sobrepeso ou obesidade tem também algum distúrbio metabólico associado (p. ex. hipertensão ou diabetes, etc). Então, durante a anamnese que antecede a consulta eu perguntei: “como são seus pais, possuem alguma doença crônica tipo: diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia...? “Ah, lá em casa ninguém toma remédio pra nada, estão todos bem”. Pois é, do mesmo jeito que conhecemos pessoas com sobrepeso ou obesidade, que não possuem nenhum tipo de doença crônica, ou seja, “ainda” não tem nenhuma doença crônica, conhecemos também alguns magrinhos hipertensos, diabéticos, com colesterol alto e por aí vai... A pergunta é: “por que?” se essas doenças estão diretamente ligadas à obesidade, como pode uma pessoa magra ter todos estes problemas de saúde enquanto alguns gordinhos passam como desapercebidos por estas doenças? A resposta está na individualidade biológica.
Individualidade Biológica, O Que É?
Somos todos frutos da combinação de genes de nossos antepassados. A carga genética é passada aleatoriamente (não dá para prever), mas, podemos receber características de nossas bisavós, sem que estas tenham se manifestado em nossos avós ou mesmo em nossos pais, é uma loteria genética mesmo. Porém, nem sempre o que recebemos é algo que poderíamos chamar de “prêmio”. Por exemplo, doenças crônicas. A individualidade biológica define entre outras coisas a predisposição para o desenvolvimento de algumas características físicas, como por exemplo, a estatura, a composição corporal, a resistência aeróbia, a força, a flexibilidade, entre outras. Entretanto, o que vai determinar a “magnitude” dessas características é a maneira como nos comportamos no meio em que vivemos. Da mesma forma que observamos a dificuldade que algumas pessoas tem em ganhar massa muscular, podemos observar com frequência outras tantas pessoas com resistência à perda de peso. Sem dúvida, a genética afeta a composição corporal (quantidade de gordura corporal em relação a massa magra). A pergunta é: “dá para contornar essa dificuldade?”
Dá Para Contornar a Influência da Genética Sobre a Composição Corporal?
A resposta é sim! Porém, algumas condições podem comprometer as chances de alcançar seus objetivos. Confrontar a genética é meio que “remar contra a correnteza”, se descuidar, pode perder boa parte do progresso. O que não significa que não dá para mudar! Para que fique bem claro: “a pessoa obesa pode se tornar magra?” A resposta é “sim”, porém não poderá descuidar do controle alimentar nem tampouco da rotina de exercícios. “E o magrinho, vai conseguir ganhar massa muscular? A resposta também é sim, entretanto, também não poderá relaxar com a alimentação e exercícios. Como podemos ver, a genética sempre estará interferindo em nossos objetivos, enquanto nos mantivermos firmes em nossas escolhas (enquanto continuarmos remando contra a correnteza), conseguiremos nos aproximar cada vez mais do tão sonhado “layout”.
Somatotipo Segundo Willian Sheldon
Somatotipo é o termo empregado para a classificação do tipo corpóreo (soma = corpo). A avaliação somatotipológica é uma maneira de classificar o físico segundo o conceito de forma e não de tamanho. Ao avaliar mais de 4000 fotografias de estudantes universitários Willian Sheldon identificou 3 elementos fundamentais os quais, combinados, envolveriam todos os físicos ou somatótipos. “Endomorfia, mesomorfia e ectomorfia”, onde endomorfo é o indivíduo predominantemente gordo, mesomorfo predominantemente musculoso e ectomorfo aquele predominantemente esquelético ou magrérrimo. Em linhas gerais, tanto endomorfo quanto ectomorfo ocupam os lugares extremos na classificação e, portanto, precisam mover um esforço hercúleo para migrarem de seus somatotipos para um formato em comum, o mesomorfo, ou seja, para ficarem musculosos.
Luz no Fim do Túnel
Há uma luz no fim do túnel para todos aqueles que desafiam suas tendências naturais, A genética somente aponta a característica, o que vai determinar o resultado é o seu estilo de vida. Mesmo um mesomorfo (o tal do musculoso de natureza), se ficar o dia inteiro sentado comendo guloseimas vai perder a linha, porque há uma distância considerável entre tendência e realidade. Então, bora mudar o chassi? Só depende de você?