Comida Comprada Pronta VS Dieta
- Victor Tarini
- 25 de out. de 2022
- 3 min de leitura
...” Doutor, eu não tenho tempo de fazer comida. Eu almoço no Quilo, perto do trabalho. A comida é boa e não tenho que levar marmita”. Eu tenho que concordar (ao menos em parte) levar marmita não é simples como parece. O “levar” é a parte simples do processo. Ter que preparar o que vai comer demanda tempo, autoconhecimento e disciplina. Envolve ainda ir ao mercado, cozinhar, organizar em marmitas e congelar. Isto se repete semanalmente, portanto tem que gostar ou ter muita determinação para não desistir.

Más, por que comer comida comprada pronta é ruim?
Bem, já parou para pensar que a comida comprada pronta precisa dar lucro para quem vende? Sendo assim, precisa ter um sabor muito melhor do que a comida de casa. A maneira de tornar a comida mais gostosa envolve o uso de temperos prontos, impregnados de realçadores de sabor do tipo glutamato monossódico, gordura e sódio. Substâncias assim agem no cérebro junto a área do paladar, estimulando o consumo alimentar, fazendo você comer mais.
Eu já aviso, se você depende exclusivamente de comida de restaurante, talvez seja melhor repensar seus objetivos porque o desafio do emagrecimento fica ainda maior quando não conseguimos controlar aquilo que comemos. É verdade! Comer comida comprada pronta é uma loteria. Não dá para ter certeza de nada. Quanto de sal, quanto de óleo, quais temperos foram utilizados, quando foi feito e por aí vai.
Fora o fato de que se comer no quilo, só dá para saber o peso total. Não é possível quantificar o arroz, feijão, brócolis e a carne separadamente. Olha só, não vou bancar aqui o “perfeccionista”, mas, nutrição não é uma ciência exata. Cada alimento em particular vai apresentar um valor de cada macronutriente. Por exemplo: Banana nanica não é a mesma coisa que banana prata ou banana maçã. Agora imagina se deixarmos para lá o uso da balança?
Quem vai dizer o quanto de cada item irá compor o prato é a “vontade de comer” e não a regra. Se o seu nutricionista gastou um tempo equilibrando as calorias dos macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras), é porque precisa ser assim! Fica fácil prever quem tem maior chance de sucesso na dieta. Basta saber quem vai fazer a comida e que vai comprar a comida pronta!

A facilidade nos engana!
Certa vez atendi a uma paciente que me disse ser microempresária do ramo de “marmitas fit”. De início me falou sobre seus objetivos com a dieta e exercícios e que queria começar a fazer provas de corrida, assim, 5k, depois 10k e quem sabe um dia, maratona. Como de costume, após um bate-papo partimos para a avaliação. Durante as medidas antropométricas, a paciente me pergunta: “mas até que ponto essas medidas são confiáveis? Afinal, há uma boa margem para erros como a maneira de fazer a “prega cutânea”, o “algoritmo” do software, o próprio avaliador...” Então eu respondi: “você tem razão, porém ainda que se considere uma margem de erro, existem critérios que são seguidos para tentar controlar o erro como, o treinamento do avaliador, a padronização da medida, o controle de variáveis como repetir a avaliação observando o período do dia em que foi realizada a avaliação anterior etc. Ou seja, ter o controle do processo do início ao fim. Terminada a avaliação, estabelecemos as metas e parti para a elaboração da dieta. Calculei a energia diária, distribui as refeições no cardápio e pronto!
Quando começamos a conversar sobre o preparo perguntei: “você deve utilizar somente temperos naturais, correto?” Qual foi a minha surpresa, ela disse que sempre utilizou temperos prontos e que havia aprendido assim. Que o sabor ficava muito melhor do que quando cozinhava apenas com alho e cebola. Deu logo para perceber que o “fit” na cabeça daquela paciente se limitava à quantidade de comida colocada na marmita. O famoso 100, 100 e 100 (gramas de carboidratos, proteínas e legumes) Foi um embate caloroso (e pensar que minutos atrás me via sendo questionado sobre o “controle” do meu processo de avaliação) mas consegui convencê-la sobre o risco potencial que temperos prontos podem oferecer e que devia experimentar temperos naturais com um pouco mais de criatividade. Sei o quanto é tentador rasgar um sache de tempero pronto na hora da correria. O “Mise em place” dá trabalho e requer planejamento e organização, porém fazer bem-feito é fazer natural e ter controle sobre tudo o que você come. Não se trata somente de quantidade de comida ou do número de refeições que se faz ao longo do dia, mas também aquilo que se come.
Comida comprada pronta é um passo atrás no processo de emagrecimento. Deixe isso para ocasiões especiais, no dia a dia vale mesmo é a comida que a gente faz.
Querido Victor, li seu post sobre comida comprada pronta x dieta. Achei muito pertinente o que você colocou. Na minha opinião, a vida moderna é uma aliada dos hábitos nocivos que estamos cultivando. Você tem toda a razão! A preguiça de preparar seu próprio alimento e a praticidade encontrada para saciar a fome andam de braços dados. Isso sem contar os que pregam não ter tempo para providenciarem pessoalmente sua alimentação. Felizes de nós que temos os amados nutricionistas para o salutar "puxão de orelhas". Obrigada por me indicar essas leituras sobre um assunto que muito aprecio. Em breve lerei outro texto e passarei para comentá-lo! Abraços !